A OBESIDADE QUE NOS CABE.

Eu en-gordo
Tu en-gorda-s
Ele/Ela en-gorda
Nós en-gorda-mos
Vós en-gorda-is
Eles en-gorda-m

Parece que, pela gramática que forma a estrutura do nosso idioma e que transformamos em linguagem, e que nos permite falar de mim, do outro e ser falado pelo outro, todos nós sem exceção, podemos ser gordos. Temos que reconhecer que um idioma assim, é um ato de liberdade subjetiva.

Podemos usar essa liberdade para pensar e procurar compreender o que nos torna tão intolerantes e tão engessados quanto à questão da obesidade.

Vamos partir de algumas perguntas:
Para que serve engordar? Que lógica tem alguém acumular tanta gordura, tanta energia?
ENGORDAR TEM UM PROPÓSITO?
Será que é uma maneira de se preparar para fazer alguma coisa? Tomar uma decisão? Encarar uma decepção?

Sendo assim, será que existe um equívoco na maneira de se preparar para…?
Se vou fazer uma prova, como; se estou chateado, como; se estou nervoso, como; se perdi o emprego, como; se vou fazer uma entrevista de emprego, como; e se estou feliz como também. Será que entendo que comer é o que me fortalece? Será que me equivoco nesse entendimento de que comer me torna mais forte? E assim, passo a vida acreditando que comer é a única estratégia que tenho para enfrentar os desafios inerentes a vida. Se faz necessário descobrir que dá para ir além e pensar em novas estratégias ou maneiras de resolução, e de que é possível desenvolver outras possibilidades de ganhar força que não comendo.

Esse equívoco provoca outro, acreditar que quem é gordo tem que, precisa ou quer muito emagrecer. E aí, ouvimos na sessão de terapia coisas como: “fui ao médico porque estava gripada, ouvi: emagreça; fui ao pronto socorro porque machuquei o pé, ouvi: emagreça; contei para um amigo que levei um fora, ouvi: emagreça, senti uma forte dor de cabeça, eu mesma falei: emagreça…

Será que a vida se resolve a partir dos quilos que se perde? Precisamos levar em consideração que aí existe uma pessoa, que até então, vem usando essa estratégia de lidar com a vida. Será que é possível abrir mão dessa estratégia?

É quando vemos chegar no consultório, alguém que nos diz assim: “eu vim aqui porque não consigo emagrecer, sou um fracasso, toda vez acontece isso, já estou cansada, sei que a culpa é minha”.

E SE O “NÃO EMAGRECER” FOR SEU ATO DE RESISTÊNCIA?

Percebemos assim que, essa pessoa fica cada vez mais obesificada, através de condutas e de distorções de entendimento, fazendo com que o ciclo de ganho de peso se cronifique e ela fique presa na culpa e no adoecimento sem fim…

Acreditamos que falar é um ato de extrema liberdade, que permite espaço para tratar e curar.

Equipe